Antes, as dietas para emagrecer eram invariavelmente a base de saladinhas e peito de frango, a regra era comer o mínimo de gordura possível. Desta forma milhares de pessoas combateram (e ainda combatem) o excesso indesejado de gordura. Porém o médico Robert Atkins defende uma outra proposta: ingerir muita gordura e pouco carboidrato.
Fervorosos defensores desta linha usam a natureza como evidência a seu favor. Peguemos como exemplo os animais (mamíferos terrestres, por favor). Pense em um carnívoro estrito... pensou? Agora pense em um herbívoro... Na natureza, observa-se que quem se alimenta basicamente de proteína e gordura, leia-se carne, geralmente é mais musculoso e possui menor percentual de gordura (como o leão) que os herbívoros (como o elefante). Bem sugestivo, né? (Detalhe: não vale pensar no urso, pois este guloso animal tem uma dieta heterogenia, misturando carnes, frutas, mel... o que lhe traz um aspecto mais “pesado”).
Como funciona
Por mais paradoxal que possa parecer, ingerir quantidades elevadas de gordura não leva necessariamente ao seu acúmulo excessivo, assim como abolir a gordura de sua dieta não fará com que seus depósitos adiposos sejam reduzidos. Como vimos no artigo “Gorduras: digestão, absorção e metabolismo”, a gordura é acumulada no corpo sob a forma de triglicérides, uma combinação de 3 moléculas de ácidos graxos e 1 de glicerol.
Ao final dos processos descritos em no artigo citado anteriormente, os ácidos graxos ficam à disposição para a formação de novos triglicérides, o glicerol, porém, é quase totalmente aproveitado em outras vias metabólicas. Traduzindo, a via metabólica da gordura não é auto-sustentável, pois o glicerol dificilmente estará disponível para formação de novos triglicérides e conseqüente acúmulo de gordura. Então de onde ele será obtido? Do carboidrato. O glicerol é um primo próximo da frutose (açúcar das frutas) e pode transformar-se facilmente a partir de açúcares simples (frutose e glicose). Desta forma, os seguidores de Atkins afirmam que a ausência de carboidratos na dieta restringirá o acúmulo de gordura pela escassez de uma de seus componentes formadores: o glicerol.
Outro fator que pesa contra os carboidratos é a questão hormonal, pois determinados tipos de carboidratos causam elevações significativas nos níveis de insulina, hormônio que favorece o acúmulo de gordura e é antagonista do hormônio do crescimento (quando a insulina estiver em alta o hormônio do crescimento estará em baixa).
É possível engordar sem comer gordura?
Em primeiro lugar devemos ter em mente que a dinâmica linear não se aplica ao corpo humano. Neste sistema maravilhoso, 1+1 dificilmente será igual a 2. Portanto, raciocínios lineares do tipo, “comer menos gordura, leva a ter menos gordura” não são viáveis em nosso intrincado metabolismo. Ao contrário do que seria natural pensar, uma dieta ausente de gordura, pode nos levar a engordar. Como? Os produtos da digestão e absorção dos carboidratos podem ser convertidos com relativa facilidade nos componentes dos depósitos de gordura: ácidos graxos e glicerol, passando pela acetil-CoA e glicerina respectivamente. Fazendo deste nutriente o de maior capacidade “engordativa”.
Considerações finais
Esta dieta é muito rígida e não deve ser feita sem a orientação de um especialista. Normalmente ela traz uma elevada ingestão de proteínas, o que pode causar sobrecarga renal, se não forem tomadas as precauções adequadas. Um profissional poderá requisitar os exames necessários e interpretar seu estado metabólico de modo a lhe assegurar se esta é a melhor opção para você e indicar-lhe como ela deve ser executada.
Por: Paulo Gentil
01/01/2002
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quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Emagrecer comendo gordura
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