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domingo, 28 de novembro de 2010

Exercício físico e fatores de risco cardíacos: qual o melhor treinamento, aeróbico ou resistido?

A doença cardiovascular é o maior fator de morte na maioria das nações industrializadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, o índice de mortalidade por problemas cardiovasculares é 100 vezes maior que o de câncer de pele (outra patologia de grande repercussão). Não é de se admirar que esta enfermidade tem adquirido grande atenção dos meios científicos e da imprensa. 

Hiperinsulinemia, hipertensão, dislipidemia e obesidade em forma andróide são os principais fatores para a doença arterial coronariana. A maioria destes fatores está interligada pela síndrome metabólica, nova denominação aplicada pela ciência para denominar este quadro patológico sistêmico. Devido a grande preocupação com este risco, médicos e professores de Educação Física passaram a questionar qual seria a melhor atividade física como tratamento auxiliar e preventivo no combate a esta epidemia.


O American College of Sports Medicine (1,5), de imediato, recomendou a atividade física como fator primordial na redução dos riscos de doenças que afetam o sistema cardiovascular, sem entrar em discussão de qual o melhor. Tendo como base os seguintes princípios:



- A resistência à insulina é considerada fator central dentre os fatores de risco coronariano, especialmente em pessoas geneticamente suscetíveis (1).



- Os exercícios físicos, tanto aeróbicos como de resistência, conseguem uma normalização da musculatura como também uma melhor eficiência do GLUT 4 reduzindo a resistência à insulina, que está diretamente relacionado com a obesidade andróide (1).



- A inatividade é um fator primordial no desenvolvimento de patologias coronarianas (5).



- O incremento de atividade física está claramente associado com redução dos riscos cardiovascular (5).



Entretanto, havia a necessidade de índices para classificar o grau de risco que o indivíduo apresentava. Para tanto, as dislipidemias foram utilizadas com marcadores do risco coronariano.



Os dislipidemias são distúrbios do metabolismo lipídico, ou seja, síndromes metabólicas com repercussões sobre os níveis de lipoproteínas. Níveis anormais de colesterol total, triglicerídeos, HDL, LDL e lipoproteína (a) plasmática estão independentemente e diretamente associados ao desenvolvimento da aterosclerose, principal patologia coronariana (2,5).



Treinamento aeróbio



PRADO (2002), em seu artigo de revisão, constatou que uma sessão de exercícios aeróbios com intensidade entre 70% a 75 % do VO2 máximo conseguia promover mudanças benéficas nas concentrações lipídicas com redução do LDL tanto imediatamente como em 24 e 48 horas depois do exercício. Também foi constatada uma elevação do HDL após 24 horas permanecendo assim por 48 horas, com aumento da atividade enzimática da lípase lipoprotéica. Estes resultados foram obtidos tanto para o grupo de hipercolesteolêmico (grupo com alta taxa de colesterol) como para o grupo de níveis normais de colesterol. A explicação deste processo reside no melhor funcionamento dos processos enzimáticos envolvidos no metabolismo lipídico. 



Em um estudo conduzido por pesquisadores americanos (4) com a participação de 111 indivíduos, se verificou que o volume de treino é determinante para o controle das lipoproteínas, retificando os resultados dos estudos encontrados por PRADO (2002) em sua revisão.



Treinamento resistido



Mesmo com melhora no perfil lipídico nos exercícios aeróbicos, os índices de HDL dependiam diretamente da perda de peso gordo, tanto para indivíduos normais como para obesos. No estudo conduzido por KATZEK (1997), verificou que o treinamento aeróbico sem mudança no perfil corporal (diminuição do % de Gordura) não modificava os índices de HDL em obesos, contudo, havia aumentos de HDL para indivíduos magros e, o mais interessante, todos os grupos (obesos e magros) tiveram redução do LDL. Isto indica que a massa magra e o percentual de gordura influênciam diretamente o metabolismo lipídico e o perfil das lipoproteínas. Não é de se admirar que isto é notável com os fisiculturistas que mesmo com dietas com altíssimo nível de colesterol (com quantidades exageradas de ovos e outras frituras) não apresentam perfis lipídicos diferentes de outros atletas, como, por exemplo, jogadores de futebol (com dietas com grande quantidade de carboidratos) (2). Enfim, o treinamento resistido teria papel fundamental no índice de HDL através de seu papel fundamental nos processos de hipertrofia muscular e, por conseguinte, as alterações no percentual de gordura. 



Portanto, os exercícios resistidos possuem pouca eficácia na diminuição das lipoproteínas, como também nos níveis de triglicerídeos em relação ao exercício em si. Todavia, devido a este tipo de treino reduzir o peso gordo e aumentar a massa magra de forma mais acentuada quando comparada ao exercício unicamente aeróbico , a diminuição do colesterol e aumento das concentrações de HDL se faz acentuada.



Considerações finais



Em face do exposto, BANZ (1), em seu estudo, conclui, de forma abrangente, todo o questionamento em relação ao tipo de exercício: O treinamento resistido é efetivo nas mudanças de composição corporal do obeso sedentário, porém, sem grandes mudanças nas taxas de LDL e o exercício unicamente aeróbico não teria uma eficácia acentuada nos níveis de HDL tendo, em contrapartida, benefícios nas concentrações de LDL.



Enfim, a combinação de exercícios resistidos e aeróbicos se mostra a melhor combinação de exercícios a serem realizados como prevenção e tratamento das patologias da era moderna. 



Referências Bibliográficas



1. BANZ, WILLIAM J.; MAHER, MARGARET A.; THOMPSON, WARREN G.; BASSETT, DAVID R.; MOORE, WAYNE; ASHRAF, MUHAMMAD; KEEFER, DANIEL J.; ZEMEL, MICHAEL B. – Effects of resistance versus aerobic training on coronary artery disease risk factors. – Society for Experimental Biology and Medicine, 2003.

2. PRADO, EDUARDO SEIXAS; DANTAS, ESTÉLIO HENRIQUE MARTINS – Efeitos dos exercícios físicos aeróbicos e de força nas lipoproteínas HDL, LDL e lipoproteína (a) – Arq. Brás. Cardiol., vol 79 (n.4), 429-33, 2002.
3. DURSTINE J. LARRY; GRANDJEAN PETER W.; COX, CHRISTOPHER A.; THOMPSON PAUL D. – Lipids, Lipoproteins, and Exercise – Journal of Cardiopulmonary Rehabilitation, Vol:22, Number 06, 2002.
4. KRAUS, WILLIAM E.; HOUMARD, JOSEPH A.; et al. – Effecys of the amount and intensity of exercise on plasma lipoproteins – N. Eng. J. Med, Vol. 347, No. 19, 2002. 
5. WILMORE, Jack H.; COSTILL, David l. - Fisiologia do Esporte e do Exercicio - Ed Manole, Sao Paulo, 2001.
6. KATZEL LI. BLEECCKER ER, ROGUS EM, GOLDBERG AP – Sequential effects of aerobic exercise training and weight loss on risk factors for coronary disease in healthy,obese middle-aged and older men. Metabolism, 1997; 46:1441-7.

Autor: Diógenes Alves
Fonte: www.gease.pro.br

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