INTRODUÇÃO
Já foi demonstrado que o treinamento contra-resistência é uma ferramenta importante na prevenção e manutenção da qualidade de vida relativa à saúde e as recomendações sugerem que este deveria fazer parte de um programa de exercícios para adultos jovens e idosos(1). As diretrizes incluem número de exercícios, séries, repetições e freqüência semanal. A velocidade de movimento só havia sido mencionada vagamente até o último posicionamento do American College of Sports Medicine sobre treinamento contra-resistência(1), que sugere a especificidade da velocidade. Existe evidência de que a velocidade de movimento influencia o desempenho de forma aguda, já que a carga para 8-10 RM a 1,75 rad·s1 foi significativamente maior que aquela para 8-10 RM a 0,44 rad·s1(2).
Conforme indicado em artigo de revisão recente(3), os estudos que investigaram o treinamento com velocidades diferentes não levaram a uma conclusão comum. Alguns indicaram que o treinamento com velocidades lentas (0,35 a 1,68 rad·s1) levaria a ganhos em toda a amplitude de velocidades testadas (diferentes em cada estudo e variando de contrações isométricas até 5,24 rad·s1), enquanto outros indicaram que os ganhos ocorrem somente próximo à velocidade de treinamento. O mesmo ocorreu com o treinamento em velocidades rápidas (1,75 a 5,24 rad·s-1). A maioria desses estudos utilizou equipamento isocinético(4-6) ou hidráulico(7-9), enquanto poucos usaram equipamentos isotônicos(10-13), mais comumente disponíveis para a população. Deve-se observar que resultados obtidos com o treinamento isocinético podem não ser transferidos para o isotônico e vice-versa, devido a possíveis diferenças no padrão de recrutamento de fibras musculares. Uma revisão completa pode ser encontrada no artigo de Pereira e Gomes(3).
Resultados dos estudos isotônicos mostraram uma tendência para não haver diferença nos ganhos entre as velocidades de treinamento quando os testes são realizados em equipamento isotônico, mas a especificidade pode ser observada quando testada de outra forma. Behm(10) treinou o desenvolvimento a 3,14 rad·s1 e encontrou ganhos significativos em 1 RM e ganhos na velocidade de treino e abaixo desta quando testado de forma isocinética. Young e Bilby(13) encontraram ganhos significativos em 1 RM para ambas as velocidades de treinamento, lenta e rápida, do agachamento (as velocidades foram especificadas e controladas de forma verbal, somente) e ganhos significativos na força isométrica para ambos os grupos, com maiores ganhos em força para o grupo lento e na taxa de desenvolvimento de força para o grupo rápido. Weir et al.(12) encontraram ganhos em todas as velocidades testadas após treinar o agachamento e a extensão de joelho a aproximadamente 1,41-1,50 rad·s1. O estudo de Morrissey et al.(11) treinou o agachamento em dois grupos, um a 0,87 rad·s1 e outro a 1,75 rad·s1. Ganhos significativos foram observados no teste de 1 RM (realizado nas duas velocidades diferentes) em ambos os grupos experimentais. No entanto, ganhos no trabalho isocinético não foram significativos para o grupo lento (apesar de maiores para as velocidades mais lentas) e foram significativos, em toda a amplitude de velocidades testadas, no grupo rápido (apesar de os ganhos terem sido maiores nas velocidades mais rápidas).
Devido aos resultados contraditórios dos efeitos do treinamento com uma velocidade específica e à necessidade de melhor prescrever o treinamento, o objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos de duas velocidades de movimento – 0,44 e 1,75 rad·s1 – nos ganhos de força em exercícios de membros inferiores (agachamento) e de membros superiores e tronco (supino reto). Os exercícios foram escolhidos por serem comuns no treinamento contra-resistência; por permitirem a comparação de possíveis diferenças adaptativas entre membros superiores e inferiores, ambos os exercícios multiarticulares; e por permitirem a comparação dos resultados com a literatura disponível que, na maioria, utilizou o exercício de agachamento. A hipótese testada foi de que não haveria diferenças significativas nos ganhos de força como resultados do treinamento com as velocidades lenta e rápida.
MÉTODOS
O estudo consistiu de um período de controle de 12 semanas, durante os quais os sujeitos eram orientados a manter suas atividades normais de lazer, e um período de treinamento de 12 semanas. As variáveis dependentes foram testadas antes e após cada um desses períodos. Os exercícios de agachamento e supino reto foram utilizados para o tratamento experimental, com velocidades de movimento controladas, enquanto seis outros exercícios (puxada, adução de quadril, abdução de quadril, flexão de cotovelo, flexão plantar, abdominais – nenhum dos quais envolvia a musculatura primária utilizada no agachamento ou no supino) foram realizados com velocidade de movimento livre, escolhida pelo sujeito. Esses exercícios suplementares foram incluídos para completar o treinamento para os principais grupamentos musculares e, assim, não serão mais abordados neste documento.
Sujeitos
Quatorze voluntários saudáveis, de ambos os sexos, 18 a 37 anos de idade, participaram do estudo após receberem uma explicação verbal detalhada sobre os procedimentos do estudo e assinarem um termo de consentimento escrito, de acordo com as regras institucionais e a Declaração de Helsinque. Onze desses sujeitos eram fisicamente inativos (um tinha experiência prévia no treinamento contra-resistência) e três eram fisicamente ativos (todos com experiência prévia no treinamento contra-resistência). Durante o período experimental, todos os sujeitos restringiram suas atividades físicas sistemáticas àquelas prescritas neste estudo.
Antecedendo o período de treinamento, seis dos 14 sujeitos foram submetidos às 12 semanas do período de controle (tabela 1). Após esse período e imediatamente antes do treinamento, todos os sujeitos foram ranqueados de acordo com 1 RM de supino (determinada nos testes pré-treinamento) e depois distribuídos em dois grupos na forma ABBA. Inicialmente, 16 sujeitos foram distribuídos nos grupos de treinamento, porém, como dois abandonaram o estudo (por motivos não relacionados aos procedimentos experimentais), oito sujeitos (três homens) foram alocados ao grupo lento (GL, treinando a 0,44 rad·s1) e seis (um homem) ao grupo rápido (GR, treinando a 1,75 rad·s1). O teste t independente mostrou que os dois grupos eram equivalentes inicialmente em todas as variáveis selecionadas (valores pré-treinamento na tabela 2).
Velocidades e exercícios
As velocidades eram controladas pelo ritmo marcado por batimentos eletrônicos a 132bpm. A velocidade rápida usava quatro batimentos para o movimento completo (~1,8 s – dois batimentos por fase) e a lenta, 16 batimentos (~7,3 s – oito batimentos por fase). Assumindo uma amplitude de ~1,57 rad para agachamento e supino, dois batimentos em 132 bpm representam uma velocidade angular de 1,75 rad·s1, e oito batimentos representam 0,44 rad·s1.
O agachamento foi realizado iniciando de uma posição em pé e indo até 1,57 rad nas articulações de quadril e joelho, depois retornando à posição inicial. O supino reto foi realizado iniciando de uma posição com os cotovelos estendidos e indo até os braços estarem paralelos ao chão (1,57 rad na articulação do cotovelo), depois retornando à posição inicial. Ambos os exercícios foram realizados em um Smith Machine (Buick, Ramas Metalúrgica, Ltda., RJ, Brasil) e dois avaliadores proviam as condições de segurança. Os sujeitos eram verbalmente instruídos a corrigir o movimento quando não estivessem no ritmo ou na amplitude corretos.
Procedimentos de teste
Todos os testes foram realizados no mesmo equipamento utilizado para treinamento. Antes da primeira visita de teste, os sujeitos participaram de uma a quatro sessões de familiarização, determinadas de acordo com o desempenho observado pelo investigador principal. Na primeira visita de teste, os sujeitos foram submetidos a um protocolo antropométrico (mulheres – massa corporal, estatura e dobras cutâneas de tríceps, supra-ilíaca e coxa; homens – massa corporal, estatura e dobras cutâneas de tórax, abdôme e coxa) e ao teste de 1 RM, realizado em velocidade livre. Nas duas visitas seguintes, os sujeitos foram aleatoriamente submetidos aos testes de 8-10 RM, realizados com velocidades controladas de 0,44 e 1,75 rad·s1.
Antes dos testes, os sujeitos realizavam exercícios de alongamento (uma série de 10s de alongamento estático) para os principais grupamentos musculares e uma série de 10 repetições de agachamento e supino com carga de 60% de 1 RM e velocidade livre. Antes do teste de 1 RM, essa carga era estimada com base na vivência do avaliado e experiência do avaliador. Os mesmos exercícios de alongamento eram realizados após os testes. A carga era inicialmente estimada e, em seguida, adicionada ou subtraída até que fosse atingida uma carga com a qual o sujeito conseguisse realizar somente o número preestabelecido de repetições com forma e velocidade corretas. O intervalo de descanso entre tentativas era de no mínimo dois minutos, mas não mais que cinco. Não mais que seis tentativas eram permitidas em um dia de teste (em média, três tentativas foram necessárias para 1 RM e duas tentativas para 8-10 RM) e, quando necessário, era agendada uma nova visita (o que ocorreu em somente sete de um total de 204 testes). Os participantes eram verbalmente encorajados a desempenhar o máximo. A confiabilidade dos testes de 1 RM e 8-10 RM usando os mesmos procedimentos e amostra com características similares foi determinada em estudo piloto (CCI > 0,99)(14).
Procedimentos de treinamento
O treinamento teve 12 semanas de duração, três vezes/semana, cada sessão de treinamento composta de uma série de oito exercícios: agachamento e supino reto realizados em uma das velocidades predeterminadas, e seis outros exercícios em velocidade livre, não controlada. Os exercícios eram realizados nessa ordem e em equipamento isotônico, oito a 10 repetições máximas cada, com aproximadamente um minuto de intervalo de recuperação entre exercícios. Antes da sessão de treino, os sujeitos realizavam exercícios de alongamento (uma série de 10s de alongamento estático) para os principais grupamentos musculares, e uma série de 10 repetições de agachamento e supino com carga de 75% daquela que seria utilizada para treinamento, e em velocidade livre. Os mesmos exercícios de alongamento foram realizados após o treinamento. Incrementos de carga eram adicionados na sessão seguinte quando o sujeito conseguia realizar mais de 10 repetições corretas e na velocidade preestabelecida por duas sessões consecutivas. A freqüência e a quantidade de acréscimos de carga variaram entre sujeitos e foram, em média, de 1,2 kg e 0,4 kg por semana para o agachamento e supino, respectivamente. Uma representação gráfica das cargas utilizadas durante o treinamento pode ser vista na figura 1.
Análise estatística
Um teste t para amostras dependentes foi utilizado para analisar diferenças entre pré e pós-período de controle. Uma ANOVA 2 x 2 com medidas repetidas foi utilizada para determinar diferenças entre os grupos experimentais e entre pré e pós-treinamento. Um nível de significância de 0,05 foi utilizado em todas as análises estatísticas.
Os testes das premissas da ANOVA mostraram que duas variáveis não satisfizeram a homogeneidade das variâncias (8-10 RM a 0,44 rad·s1 e 1 RM relativo à massa corporal, ambas somente para o agachamento), apesar de a maior variância não ter excedido a menor em duas vezes. Apesar de a ANOVA ser um teste robusto, a violação dos seus pressupostos se torna crítica quando a tamanho da amostra é pequeno, como no presente estudo. Portanto, de forma a evitar erro tipo I, um valor mais conservador de p (0,01) foi utilizado ao analisar essas variáveis.
RESULTADOS
Resultados do teste t para amostras dependentes não mostraram diferenças significativas entre pré e pós-período de controle (tabela 1). Quanto à adesão ao treinamento, não foram encontradas diferenças significativas na freqüência semanal média entre GL (média ± DP: 2,8 ± 0,2) e GR (2,7 ± 0,4), totalizando 33,5 ± 2,2 e 32,8 ± 4,6 sessões, respectivamente. O treinamento resultou em mudanças não significativas na composição corporal (gordura corporal e massa corporal total) (tabela 2).
Resultados da ANOVA mostraram interação grupo x tempo não significativa, tanto para os testes de 1 RM (absoluto e relativo à massa corporal) quanto para os de 8-10 RM a 0,44 rad·s1 e a 1,75 rad·s1, em ambos os exercícios. Foram observadas diferenças significativas de pré para pós-treinamento (P < 0,001) (tabela 3). Apesar de a ANOVA não ter mostrado diferenças significativas entre os grupos, os ganhos em 1 RM e 8-10 RM nas duas velocidades para o agachamento foram maiores em GL do que em GR (figura 2). Os ganhos para o supino foram similares entre os grupos para 1 RM, mas maiores em GR para os testes de 8-10 RM.
DISCUSSÃO
Considerando os poucos estudos que investigaram o treinamento com velocidades diferentes utilizando equipamento isotônico e a necessidade de melhor compreender e prescrever programas de exercício contra-resistência, o objetivo deste estudo foi investigar os efeitos do treinamento de exercícios de membros inferiores e superiores utilizando máquinas isotônicas e diferentes velocidades de movimento. Este estudo é único no sentido de que nenhum dos estudos mencionados acima observou os dois segmentos corporais treinados com diferentes velocidades e medidos no mesmo equipamento e velocidades utilizados para o treinamento.
Os resultados deste estudo mostraram ganhos similares em força máxima (testada em equipamento isotônico) entre velocidades. Esses achados estão de acordo com aqueles de outros(11,13), em que ganhos em 1 RM para o agachamento foram significativos, mas similares para os grupos de treinamento isotônico rápido e lento. Estudos que realizaram o treinamento em equipamento isocinético encontraram diferenças entre grupos (testados em 1 RM no leg press), como o de Pipes e Wilmore(15), em que os grupos de treinamento rápido mostraram ganhos significativamente maiores do que o grupo lento, e o de Smith e Melton(16), em que o grupo lento obteve maiores ganhos que o rápido.
Os ganhos em 1 RM de agachamento estão de acordo com outros estudos de treinamento isotônico com velocidade de movimento controlada, em que grupos de treinamento rápido obtiveram ganhos entre 21,0 e 31,0% e os de treinamento lento, entre 22,5 e 30,0%(11,13), porém, maiores que os reportados para o treinamento em equipamento isocinético, que variaram de 6,7 a 21,2% para os grupos rápidos e de 9,8 a 17,7% para os lentos. Todos esses estudos tiveram menor duração que o presente, variando de seis a oito semanas. Deve-se ressaltar que Young e Bilby(13) submeteram os sujeitos a velocidades determinadas de forma subjetiva, chamadas de lenta e rápida, enquanto Morrissey et al.(11) utilizaram velocidades controladas de 0,87 e 1,75 rad·s1.
Os ganhos em 1 RM de supino deste estudo foram menores que aqueles encontrados por outros autores após treinamento sem o controle da velocidade, com três séries de 6-8 RM, em que foram reportados ganhos de 20,2%(17) e 18,9%(18). Por outro lado, o estudo de Mayhew et al.(19) encontrou ganhos menores (9,1%) após um programa de 12 semanas com uma combinação variada de séries e repetições em um grupo de homens adultos.
Possíveis explicações para os ganhos em força após o treinamento contra-resistência são a hipertrofia muscular, alterações metabólicas e adaptações neuromusculares(10). Há evidência para a hipertrofia muscular após o treinamento contra-resistência com controle da velocidade de movimento, apesar de não terem sido encontradas diferenças entre grupos de diferentes velocidades(9-10,13). Quanto à hipertrofia de tipos de fibras específicos após o treinamento com controle da velocidade, a literatura é precária e controversa. Coyle et al.(4) encontraram aumentos significativos na área de fibras do tipo II somente para o grupo de treinamento rápido (5,24 rad·s1), enquanto Ewing et al.(5) observaram aumentos em área de fibras do tipo I e IIa para ambos os grupos (1,05 e 4,19 rad·s1), sem aumentos na área de fibras do tipo IIb.
Quanto a alterações metabólicas, não há estudos que tenham comparado, especificamente, o treinamento com diferentes velocidades e também investigado alterações enzimáticas, porém, existe alguma evidência de que os resultados possam ser contraditórios. Bell et al.(7) encontraram aumentos na atividade da ATPase com o treinamento a 3,14 rad·s1, enquanto Tesch et al.(20) encontraram decréscimos na atividade da ATPase após o treinamento sem controle da velocidade.
A ativação muscular (amplitude e freqüência de potência média obtidas por eletromiografia, EMG) durante testes isocinéticos mostrou-se constante de 0,57 a 3,14 rad·s-1(21) e, após o treinamento com diferentes velocidades de movimento, não foram observadas diferenças nas medidas de EMG no vasto lateral a 0,44, 0,87, 1,75 e 2,18 rad·s-1(11). Além do mais, Barnes(22) não encontrou diferença em fadiga (declínio do torque relativo ao pico de torque) entre as velocidades de 1,05 e 5,24 rad·s1, sugerindo que não há diferença no recrutamento das unidades motoras, já que seria de esperar que unidades motoras fásicas iriam fadigar rapidamente, enquanto as tônicas seriam mais resistentes. É importante notar que Morrissey et al.(11) observaram maior ativação do quadríceps durante o teste de salto em altura após o treinamento com velocidade rápida somente. Isso pode sugerir que a especificidade do treinamento com velocidade controlada pode ser relevante no desempenho de modalidades esportivas que dependem fortemente da potência muscular.
No presente estudo, a falta de diferença significativa nos ganhos de força entre os dois grupos de treinamento não justifica as diferenças nos processos adaptativos, de acordo com os achados mencionados acima, que não identificaram diferenças em hipertrofia muscular e ativação após o treinamento com diferentes velocidades. Ainda mais, mesmo com maiores ganhos (não significativos) em um dos grupos, tais ganhos apontaram em direções diferentes para o agachamento e o supino, impossibilitando concluir que uma velocidade é melhor que a outra para os ganhos de força.
Uma possível explicação para os maiores ganhos, mesmo que não significativos, de GR no supino pode estar no fato de esse grupo ter somente um homem e, portanto, os ganhos obtidos pelas mulheres (tradicionalmente com menor desenvolvimento de membros superiores e tronco e, assim, maior potencial de ganhos) tornaram-se mais evidentes no grupo como um todo. Por outro lado, GL tinha três homens, o que pode ter diluído os ganhos em membros superiores para esse grupo. Os maiores ganhos (não significativos) de GL no agachamento não poderiam ser justificados dessa forma, necessitando-se de futuros estudos com maior amostra para verificar se o treinamento em velocidade lenta seria favorável ao ganho de força de uma forma geral.
CONCLUSÕES
Os resultados deste estudo mostraram que as diferenças entre os grupos não foram significativas, tanto para o agachamento quanto para o supino reto, o que pode ter sido conseqüência do pequeno número amostral ou devido à curta duração do estudo. Poder-se-ia sugerir que o exercício de agachamento devesse ser realizado com uma velocidade mais lenta, baseando-se nos ganhos maiores (não significativos) encontrados neste estudo e na possibilidade de redução de riscos de lesão nos ligamentos cruzados, associados a velocidades mais rápidas(23). No entanto, ainda não está claro se essa ou qualquer outra velocidade de movimento deve ser recomendada para os demais exercícios contra-resistência.
Portanto, com base nos resultados do presente estudo e na literatura disponível, quando o objetivo do treinamento contra-resistência para adultos jovens é força, a velocidade de movimento não deve ser uma preocupação. Isso parece ser verdade no cenário do treinamento para saúde e qualidade de vida. Enquanto não forem realizadas novas pesquisas, a prescrição do treinamento contra-resistência para essa população com velocidades de 0,44 ou 1,75 rad·s1 parece ser uma boa recomendação.
Considerando as limitações inerentes ao presente estudo, como, por exemplo, a heterogeneidade da amostra, somente dois exercícios multiarticulares com controle de velocidade e a relativamente curta duração do programa de treinamento, algumas questões podem ser levantadas. A experiência com o treinamento e diferenças entre sexos podem ser variáveis intervenientes; adaptações ao movimento uniarticular podem ser diferentes daquelas do multiarticular; e, a discreta tendência observada neste estudo pode ser exacerbada ou suprimida com um período de treinamento mais longo. Assim, sugestões para estudos futuros incluem: grupos com experiência em treinamento contra-resistência similares; grupos distintos de homens e mulheres; maior duração do período de treinamento; o treinamento de outros grupamentos musculares, incluindo movimentos uniarticulares.
AGRADECIMENTOS
Este estudo foi parcialmente financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), Ministério da Educação, Brasil.
REFERÊNCIAS
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Fonte: www.scielo.br
Rev Bras Med Esporte vol.13 no.2 Niterói Mar./Apr. 2007
Autores: Marta Inez Rodrigues PereiraI, II; Paulo Sergio Chagas GomesI
IPrograma de Pós-graduação em Educação Física, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, RJ
IICurso de Educação Física, Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ
IPrograma de Pós-graduação em Educação Física, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, RJ
IICurso de Educação Física, Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ
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