Em muitos casos os excessos de proteínas são transformados em gordura e, posteriormente, armazenados no tecido adiposo (McArdle, 1998; Devlin, 1998; RDA, 1989, Marzzoco, 1990). Além disso, o sistema renal é exigido aquém de suas necessidades rotineiras para metabolizar todo esse aporte protéico, podendo resultar em patologias crônicas (Guyton, 1996). Atenção especial para as mulheres que fazem uso de suplementos protéicos, pois os excessos de proteínas aumentam a excreção de Cálcio (Ca+2), contribuindo para a osteoporose (Clarkson, 1998).
Segundo a RDA (1989), não é necessário nenhum acréscimo na ingestão de proteína quando a dieta esta equilibrada energeticamente. A dieta habitual da grande maioria das pessoas certamente é capaz de suprir as necessidades diárias de proteína, mesmo que o indivíduo pratique alguma atividade física com fins de aumento de força ou hipertrofia muscular, pois "O consenso determina que as pessoas fisicamente ativas não necessitam de nutrientes adicionais além daqueles obtidos em uma dieta balanceada" (McArdle, 1998; Lemon, 1996; Lemon 2000). Além disso, ainda não existem comprovações de que aumentos significativos nas quantidades de proteínas ingeridas possam aprimorar de maneira significativa a força e hipertrofia muscular.
Suplementos de proteína não são necessários para indivíduos que desejam hipertrofia muscular, pois a quantidade de 1,4 a 1,8 g/Kg/dia, já superior a recomendada pela RDA, pode ser alcançada facilmente através da dieta (Clarkson, 1998, Lemon 1996). Caso a dieta do indivíduo seja bem diversificada, com alimentos ricos em proteína de boa qualidade, como carne vermelha, peixes, frango, ovos, leite e derivados, a suplementação protéica não torna-se necessária (Lemon, 2000).
Se os excessos de proteína adquiridos através da dieta ou mesmo com a utilização de suplementos fossem utilizados para a síntese de massa muscular, verificaríamos a existência de indivíduos cada vez mais musculosos. O aumento da massa magra (músculo) seria cada vez maior, fato este que ainda não encontramos em humanos. Portanto, o aumento da ingestão protéica acima das recomendações já estabelecidas, certamente não possui benefícios para o atleta de musculação no que diz respeito à hipertrofia muscular (McArdle, 1998; Devlin, 1998; Wolinsky, 1996; Maughan, 2000).
Por fim, não há dúvida alguma acerca da importância da nutrição para a atividade física, entretanto, pode-se dizer que os progressos e o bom desempenho durante o treinamento apoiam-se em um tripé, compreendendo além da nutrição adequada, um bom programa de treinamento e tempo suficiente e adequado de recuperação. Muito caminho ainda existe pela frente a respeito das maravilhas que este tripé é capaz de realizar em nosso organismo. A cada dia novas teorias são descobertas e velhos conceitos deixam de ser utilizados. Quem sabe num futuro bem próximo toda nossa alimentação não estará presente dentro de uma cápsula? Você substituiria uma suculenta pizza por uma minúscula cápsula de plástico? Portanto, prepare-se para deixar aquele balde de proteína encostado na prateleira. Cabe a você se cuidar a partir de hoje para poder conferir os avanços da nutrição. A escolha é sua!
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
Baptista. Bioquímica Básica. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan S.A., 1990.
DEVLIN, Thomas M.. Manual de Bioquímica com Correlações Clínicas. Editora Edgard Blucher, São Paulo, 1998
GUYTON, Arthur C.. Tratado de Fisiologia Médica. 9 ed : Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1996
CLARKSON, Priscilla M.. Nutritional Supplements For Weight Gain. SSE#68, Volume 11, Number 1, 1998
LEMON, P. W. R. Beyond the zone: Protein Needs os Active Individuals. Journal os the American College of Nutrition, Vol 19, nº 5, 513S - 521S, 2000
LEMON P. W. R. Is Increased Dietary Protein Necessary or Beneficial for Individuals with a Physically Active Lifestyle? Nutrition Reviwes, Vol 54, nº 4, 1996
Por Felipe Marangon
Fonte: www.saudeemmovimento.com.br
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